“Pela Internet”, de Gilberto Gil, foi a primeira música no mundo a ser cantada ao vivo pela internet há exatos 21 anos. Como nos tempos de hoje tudo se atualiza, nada melhor do que uma atualização versão 2018 dessa música!
Ontem à noite, terça-feira 30 de janeiro, Gilberto Gil fez um pocket show no Youtube Space do Rio de Janeiro onde cantou pela primeira vez a nova versão de “Pela Internet”. O show, que foi transmitido ao vivo através do canal de Gil no Youtube, contou outros sucessos escolhidos à dedo para essa apresentação como “Cérebro eletrônico”, “Metáfora”, “Futurível” e “Queremos saber”. A banda foi formada pelo filho Bem Gil (guitarra), o neto José (bateria), Mestrinho (acordeon) e Liminha (baixo).
Confira a letra completa da nova versão de “Pela Internet”:
“Criei meu website
Lancei minha homepage
Com 5 gigabytes
Já dava pra fazer
Um barco que veleje
Meu novo website
Minha nova fanpage
Agora é terabyte
Que não acaba mais
Por mais que se deseje
Se o desejo agora é navegar
Subindo o rio Tejo tenho como achar
Num site de viagem a melhor opção
Com preço camarada bem no meu padrão
Se é música o desejo a se considerar
É só clicar que a loja digital já tem
Anitta, Arnaldo Antunes, e não sei mais quem
Meu bem, o Itunes tem
De A a Z quem você possa imaginar
Estou preso na rede
Que nem peixe pescado
É zapzap, é like
É instagram, é tudo muito bem bolado
O pensamento é nuvem
O movimento é drone
O monge no convento
Aguarda o advento de Deus pelo Iphone
Cada dia nova invenção
É tanto aplicativo que eu não sei mais não
What’s app, what’s down, what’s new
Mil pratos sugestivos num novo menu
É Facebook, é Facetime, é Google Maps
Um zigue-zague diferente, um beco, um CEP
Que não consta na lista do velho correio
De qualquer lugar
Waze é um nome feio, mas é o melhor meio
De você chegar”
Com uma música dessas não tem como dizer que Gilberto Gil não é conectado, não é mesmo?! Ainda mais se prestarmos atenção a trechos da entrevista do cantor sobre o assunto:
“Nessa nova letra, a dose apologética diminuiu e a crítica aumentou. É natural que assim seja, porque a internet virou um pandemônio, um estímulo a esse narcisismo individualista que se desdobra em política de ódio. (…) Evidentemente, ainda tem uma criptoelite que detém fatias mais impressionantes dessa tecnologia, mas o acesso foi horizontalizado no mundo todo. A imperfeição é a medida do homem, então não seria a internet a abolir essa questão. Pelo contrário: as imperfeições humanas se multiplicam nessa multiplicação de possibilidades, de contato, de acesso, de informação…”
E sobre as ondas de ódio que estão na internet, os famosos haters, Gilberto Gil comenta:
“Me mataram duas vezes! (risos) A malquerença é um sentimento muito difícil para mim. Nas duas vias: tanto eu querer mal a alguém quanto ser mal querido. Eu tenho a ilusão, e insisto nela, que o ser humano foi criado para a seguir a bondade, a beleza. Então, os ataques me incomodam. Mas, evidentemente, eu tenho que descartar. O dia seguinte à ofensa já é mais restaurador. Dois, três dias depois o coração já começa a se livrar daquele veneno.”
Se quiser conferir a entrevista completa, leia a matéria do O Globo:
https://oglobo.globo.com/cultura/musica/gilberto-gil-lanca-nova-versao-de-pela-internet-reclama-de-haters-me-mataram-duas-vezes-22347964
Por Natália Brandão