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Artes em Luto: Brasil perde Flavio Migliaccio e Aldir Blanc


Flavio Migliaccio é encontrado morto em seu sítio no interior do Rio de Janeiro e morre no Rio, vítima do Coronavírus, Aldir Blanc, um dos maiores letristas da MPB

O ator Flávio Migliaccio, de 85 anos, foi encontrado morto na manhã desta segunda-feira num sítio no interior do estado do Rio, na cidade de Rio Bonito. A morte de Migliaccio foi confirmada pelo 35º Batalhão de Polícia Militar. O boletim de ocorrência foi registrado como suicídio.

Natural de São Paulo, onde nasceu no bairro do Brás, em 1934, Migliaccio começou a atuar no teatro, nos anos 50, época em que, a convite dele, a irmã Dirce Migliaccio também deu os primeiros passos como atriz. Os dois fizeram dezenas de peças juntos no antigo Teatro de Arena, com o diretor Zé Renato.

Migliaccio estourou em sua primeira novela na Globo, em 1972, no papel de Xerife, da novela “O Primeiro Amor”. O personagem fez tanto sucesso que, no mesmo ano, deu origem ao seriado “Shazan, Xerife e Companhia”, estrelado também por Paulo José. Muito querido pelas crianças, ele participou de Vila Sésamo, na TV Tupi, e criou o personagem “Tio Maneco” no filme “Aventuras com Tio Maneco” que foi vendido para mais de 30 países e ganhou um prêmio do cinema infantil na Espanha.

O último trabalho do ator foi na novela “Órfãos da Terra”, da TV Globo, em 2019, quando interpretou o personagem Mamede Al Aud. Ele também atuou em sucessos da TV Globo como “Êta Mundo Bom!” (2016), “Passione” (2010), “Caminho das Índias” (2009), “América” (2005), “A Próxima Vítima” (1995) e “A Rainha da Sucata” (1990).

Compositor de alguns dos grandes clássicos da música brasileira, canções como “O Bêbado e o Equilibrista”, “Resposta ao Tempo” e “O Mestre Sala dos Mares”, entre tantas outras, o compositor carioca Aldir Blanc morreu hoje por complicações causadas pelo Coronavírus. Com infecção generalizada, Aldir estava internado no CTI do Hospital Universitário Pedro Ernesto, em Vila Isabel, desde o dia 20 de abril.

Aldir foi internado no dia 10 de abril, com infecção urinária e pneumonia. Ele chegou a ser entubado em uma sala da unidade de saúde por falta de vagas em UTI. Apenas no dia 20, a família conseguiu transferi-lo para um leito de terapia intensiva no Pedro Ernesto.

Natural da Zona Norte do Rio – ele nasceu no Estácio e foi criado em Vila Isabel, Aldir tinha paixões pelo Vasco e pelo Salgueiro, adorava a boemia e começou a escrever poesia aos 16 anos. Se formou em medicina com especilização em psiquiatria, mas abandonou a carreira em 1973, para se dedicar à música.  A gravação por Elis Regina da canção “Bala com Bala”, foi seu passaporte para a nova carreira.

A música era uma uma parceria de Blanc com João Bosco – um encontro que na MPB era considerado um casamento perfeito. Juntos, eles construíram uma das mais inspiradas e frutíferas parcerias da música nacional, e escreveram clássicos como “Caça à raposa”, “Linha de passe”, “Cabaré”, “Kid Cavaquinho”, “O mestre-sala dos mares”, “De frente pro crime” e “O bêbado e a equilibrista”, que, na voz de Elis Regina — uma das principais intérpretes do duo, se tornou o hino pela campanha pela anistia.

Em mais de 50 anos de carreira, todos dedicados às letras — seja como compositor, escritor ou cronista —, Aldir escreveu cerca de 500 canções, sem contar outras centenas nunca gravadas ou perdidas (segundo suas contas, foram mais de 1.300). Além de Bosco, criou músicas com nomes como Guinga, César Costa Filho, Jayme Vignolli, Hélio Delmiro, Djavan, Cristóvão Bastos (com quem fez o clássico “Resposta ao tempo”, sucesso na voz de Nana Caymmi), Edu Lobo e Sueli Costa.

 

Por A.Dayrell


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