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Faith No More: Do Pior Ao Melhor


A discografia do Faith No More devidamente analisada na série “Do Pior Ao Melhor”

O jornalista Bruno Eduardo, editor do site Rock On Board, analisou a discografia de uma das melhores bandas de rock da história: o FAITH NO MORE! Você pode conferir abaixo esse passeio pela história da banda de Mike Patton no guia “Do Pior ao Melhor“.

7 – We Care A Lot (1985)

Por ter sido o único álbum do grupo longe de uma grande gravadora, We Care A Lot é muitas vezes esquecido pelos fãs da banda. No entanto, chega a ser unânime a sua colocação entre os menos queridos do grupo. Com uma produção despojada, o álbum alterna momentos de teclados contagiantes e vocais monótonos. Tudo bem, Chuck não é um vocalista dos mais bem dotados tecnicamente, mas ele até que funciona bem em algumas faixas mais esdrúxulas como “We Care A Lot” e “The Jungle”. O álbum possui alguns drops fortes como “Arabian Disco”, “As The Worm Turns” e a instrumental “Pills For Breakfest”, mas talvez por ser um trabalho de curta duração, fica a impressão de que o grupo desperdiça munição em vários momentos. Sem hits de sucesso, We Care A Lot pode ser considerado um esboço mal acabado do que se tornaria o Faith  No More no fim dos anos oitenta.

6 – Introduce Yourself (1987)

O disco de estreia do Faith No More pela Warner – embora ainda com Chuck Mosley – mostra um avanço consistente ao modelo rock-punk-progressivo do trabalho anterior e dá pistas claras da mistura que encantaria o mundo em The Real Thing. O álbum possui canções de forte pegada comercial como “Faster Disco” e “Anne’s Song” e outras que acabaram ganhando força na voz de Mike Patton (“The Crab Song”). Para quem não sabe, a versão comercial da música “We Care A Lot” é a que está presente nesse disco – devido ao sucesso da música em rádios universitárias no ano de 1986, eles decidiram regravar a faixa e lançar como primeiro single em uma grande gravadora. Foi com Introduce Yourself que o Faith No More conseguiu realizar a sua primeira turnê na Inglaterra. Esse foi também o último disco com Chuck Mosley – demitido em um show no Reino Unido.

5 – Album Of The Year (1997)

O último álbum antes do fim é marcado por uma fase tensa, onde os integrantes sequer se reuniram para escrever. Mike Patton, por exemplo, nem entrou em estúdio com a banda e gravou sua parte em impressionantes cinco horas ininterruptas. Mesmo assim, Album Of The Year é considerado a melhor atuação de Patton. Com vocais brilhantes e vigorosos – como pode ser ouvido na atmosférica “Ashes To Ashes” – o vocalista apresentou um vasto repertório de timbres, chegando ao ápice na levada particular de “Helpless”. Esse é também o primeiro disco com o guitarrista atual, Jon Hudson. Embora seja um álbum bastante subestimado pela crítica, Album Of The Year é talvez o disco que melhor tenha envelhecido com o tempo, pois é certamente o que mais se aproxima musicalmente do que a banda é nos dias de hoje. Ouça as pancadas “Collision”, “Got That Feeling”, ou a macia “She Loves Me Not”, e comprove.

4 – Sol Invictus (2015)

O primeiro disco do grupo em dezoito anos foi uma prova de que a banda não mudou tanto desde a sua última reunião em estúdio. Honesto e cheio de boas ideias, Sol Invictus consegue ser nostálgico (“Superhero”) e exótico (“Black Friday”) na medida. Mesmo sem o peso que marcou a carreira em álbuns consagrados, eles capricharam nas melodias particulares e se garantiram na cozinha afiada de Gould / Bordin e na habilidade vocal de Mike Patton. Faixas como “Separation Anxiety”, “Sunny Side Up” e principalmente “Matador”, já fazem parte da seleta lista de melhores canções do grupo em todos os tempos. Sol Invictus foi o primeiro disco da banda lançado pelo selo Ipecac Recordings, gerenciado por Patton, e conta com a mesma formação de Album Of The Year.

3 – King For A Day, Fool For A Lifetime (1995)

A saída do guitarrista Jim Martin deu liberdade total para que o grupo – liderado pela cabeça insana de Mike Patton – pudesse expôr todas as suas influências musicais em apenas um disco. Acertando em cheio na escolha de Trey Spruance como guitarrista, o FNM trocou os riffs ‘sabbathicos’ pelas frases suingadas de “Evidence” e os solos jazzísticos de “Star A.D.”. Muitos defendem a tese de que King For A Day não apresenta uma sonoridade tão característica à discografia do grupo, pela simples ausência dos teclados – na época, Roddy Bottum se recuperava de problemas com drogas. Porém, é um disco que representa com honestidade tudo o que eles pensavam em ser como uma banda real. Faixas como “The Gentle Art Of Making Enemies”, “Get Out” e “Just A Man” são as que melhor retratam a proposta esquizofrênica e sincopada do disco. Vai ter fã reclamando por ele não estar no topo da lista.

2 – The Real Thing (1989)

Se o Faith No More é o Faith No More e se Mike Patton é o Mike Patton, a culpa original é de The Real Thing, o disco que transformou, que mudou, que deu vida a essa banda. Com este álbum, o Faith No More virou moda nos quatro cantos do planeta – aqui no Brasil, então, foi uma febre quase incurável. The Real Thing traz um rock enérgico – com tendências ao hard/trash – e ao mesmo tempo inteligente. Considerado o álbum do ano por tabloides conceituados (como Spin e Kerrang), a bolacha conseguia misturar as exóticas influências de seus integrantes, e, ainda assim, tinha um som original para a época. Hits como “Epic”, “Falling To Pieces”, “From Out Of Nowhere” e “Edge Of The World”, garantiram milhões de cópias vendidas e uma tietagem ensandecida. Embora muitos creditem a entrada de Patton na banda como desencadeador do sucesso, a cozinha Gould/Bordin foi o que realmente garantiu o grupo como ícone do funk o’metal mundial.

1 – Angel Dust (1992)

A banda que ficou conhecida por fazer proposta completamente variada, começou a bizarrice em Angel Dust. No disco, apenas “Everything’s Ruined” chega perto do Faith No More de 1989, o resto é algo completamente imprevisível e multi-composto. Considerado o álbum do ano pela Q Magazine, e pela revista alemã Musik Express Sounds, Angel Dust tornou-se a obra prima do chamado nu-metal – sendo eleito pela Kerrang como o álbum mais influente do metal nos anos 90. Aqui, Patton começou a desenvolver a sua variedade vocal, experimentando novos timbres e abusando de letras subjetivas e poéticas – ouça “RV” e “Land Of Sunshine”. Se a interpretação de Patton foi um ponto alto – artisticamente falando – comercialmente a imagem “fácil” do vocalista foi desintegrada. Entre banhos de urina, defecação em programas de rádio, Patton tornou-se uma figura cult e abominável. E nada mais foi como antes. Repleto de ideias subversivas, Angel Dust pode ser considerado o último suspiro juvenil do Faith No More. Depois disso, o imprevisível passou a ser o maior rótulo da banda; e independente das insanidades sonoras, ninguém nunca mais foi pego de surpresa. Este é o último disco de Jim Martin, e conta com a cover super popular de “Easy” dos Commodores.

Por Rock On Board


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