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Festival Circadélica é cancelado e público dá um show de empatia!


Um dos principais festivais do cenário independente do Brasil é cancelado no dia e o público mostra o principal significado de empatia.

A área estava montada, bandas já tinham passado o som, público chegando e mais uma edição do Festival Circadélica, estava prestes a se iniciar. Como previsto, ao meio-dia do último sábado (28), o espaço que contava estrutura de dois palcos, praça de alimentação, estandes de lojas e aguardava muita alegria, foi surpreendido com forças militares que impediram que o maior festival alternativo do interior de São Paulo acontecesse.

De acordo com as autoridades, o festival não contava com um Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB) e por este motivo, todas as entradas e saídas da arena foram lacradas e receberam escolta policial. O público que ao chegar na área se deparava com a cena, sentava em torno dos carros da polícia e esperava.

“Nós chegamos aqui era meio-dia e meio, já tinha os carros da polícia e estamos esperando a porta abrir, já ouvimos falar que está sem alvará, mas temos força e sabemos que o festival vai acontecer”, desabafa a estudante de engenharia, Larissa Ruiz.

Muitos que estavam ansiosos e foram preparados com cangas, se direcionaram para pontos comerciais próximos da área, como um posto de gasolina e ali se instalaram. “Estou me sentindo na praia no meio de um posto de gasolina, tá um clima muito fraterno, é a vibe Circadélica saindo da arena e mandando boas energias para a produção”, diz o publicitário, Carlos Eduardo Rizo, de São Paulo.

Por volta das 16h, Mario Bross – um dos responsáveis pelo festival, subiu ao palco principal e emitiu um comunicado ao público, além da equipe do festival que informava o público do posicionamento do evento e se as portas não abrissem até as 18h do sábado, o festival naquele dia não aconteceria.

“Eu acredito no Circadélica, a produção é competente, estão há anos produzindo eventos e promovendo a cultura na cidade, o melhor virá. Vou aguardar”, conta a estudante de direito, Juliana Quinoa. “Vim do Rio de Janeiro, participei da edição anterior e sei que eles sabem fazer um festival, o melhor será virá!”, torcia.

Por fim, as 17h30 do sábado, Mario Bross retornou novamente, desta vez pessoalmente na entrada principal do festival confirmando que a edição do Circadélica 2018 estava sendo cancelada. “É triste, nossa equipe tentou o máximo, estamos com jurídico e com equipe de bombeiros tentando liberar, porém, infelizmente hoje o festival será cancelado”, lamenta o organizador. “Nós fizemos e fazemos isso para vocês e por vocês, o Circadélica não é nosso, é de vocês!”.

Nas redes sociais, uma nota dizendo que “Lutamos até o fim”, confirmava o cancelamento. E mais uma vez, o público se solidarizou e mandou mensagens de força, como comentários confiando que a falha não foi da organização e como a nota informa “infelizmente, Forças Poderosas impediram o Festival Circadélica de acontecer este ano. Queremos agradecer o apoio de todo, o público presente, desde os parceiros, bandas, artistas, staffs e principalmente o público que acreditou no festival. E também todos os outros festivais independentes e a todas as pessoas que estão nos mandando mensagens positivas”.

Sob uma grande salva de palmas e euforia do público, o festival se encerrava e deixava o público que resistiu até as 18h realizado. “Nós sabemos e esperamos que todos os organizadores saibam que nós estamos do lado deles. A resistência!”, manifesta o estudante de direito Luis Juguer.

O comunicado oficial e a empatia

Na noite de sábado, após a nota divulgada, o público aguardavao comunicado oficial ser liberado, na noite de segunda-feira (30). E por volta das 20h, a equipe de comunicação do Festival Circadélica, confirma o cancelamento da sua terceira edição.

“Mesmo o trabalho de meses na elaboração de um projeto idêntico ao de 2017 (o qual transcorreu com sucesso sem nenhum incidente), obstáculos imposto ao projeto atualizado impediram a edição de 2018 transcorresse de forma satisfatória”, informa o comunicado e confirma o cancelamento total do festival.

Além disso, o comunicado informava o processo do reembolso, tanto para quem adquiriu os ingressos digitais ou físicos. E novamente o público surpreendeu, respondendo o comunicado com as seguintes mensagens: Eu abro mão do meu reembolso.

“Sei e imagino como deve ser difícil organizar um evento deste porte, sabemos também que a cidade de Sorocaba conta com diversos prédios públicos – como a prefeitura da cidade, que não conta a documentação do bombeiros para funcionar; então eu abro mão do meu reembolso. Os organizadores precisam de nossa ajuda neste momento!”, desabafa a engenheira Cláudia Rossi.

Público que se locomoveu de outras cidades e estados, também se posicionaram contra o reembolso. “Dirigir 600km não foi fácil, ver o festival ser cancelado e conhecer um lado que nunca imaginamos da cidade de Sorocaba, não é nenhum pouco bonito. Mas, vivemos momentos únicos e ainda estamos vivendo tudo isso, não me sinto bem tendo o meu reembolso e se o festival ainda liberar uma loja com produtos oficiais, eu seria o primeiro a adquirir as camisetas e bottons para lembrar sempre da resistência”, conta o agrônomo, Juliano Oliveira, que veio de Santa Catarina com mais quatro amigos.

E após essa prova de empatia, força e resistência o cenário da música nacional reluta e sobrevive. Para a equipe organizadora, o público deseja muita força, reconstrução e que o picadeiro do Circadélica não se deixe abalar. “O que eu mais desejo é ver em 2019, a força de um dos melhores festivais e no lugar do choro que vimos dentro e fora da arena, seja o sorriso e os gritos de alegria!”, finaliza Juliano, resumindo o desejo de todos.

Por Neto Martini (E ai, POP)


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