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Festival independente se destaca e provoca mudanças para a cultura no Rio


Roquealize-se, festival que acontece no subúrbio do Rio de Janeiro, promove o rock brasileiro e revitaliza a cultura em Marechal Hermes

Um palco a céu aberto e dezenas de roqueiros enfrentando calor ou frio, sol ou chuva. Poderia ser o Rock in Rio, mas não. Este é o cenário do Roquealize-se, um festival de rock independente que, muito mais que música, oferece ao público novas bandas, experiências e vem contribuindo e modificando a cultura no Rio de Janeiro.

Comemorando muito mais que 3 anos de existência no próximo mês de julho, o evento idealizado pelo produtor independente Renan Sparrow – conhecido pelos cabelos e barba compridos – celebra o sucesso de diversas maneiras.

A proposta, como o nome sugere, é simples: tornar-se roque! Ser rock’n’roll puro, na veia – trazendo diversos e grandes nomes da cena rock independente – e incentivar a produção e a cultura rock que acontece no subúrbio do município do Rio de Janeiro. No entanto, a dedicação dessa galera foi além e transformou todo o entorno.

“O Roquealize-se recolocou Marechal Hermes no mapa do rock carioca. Décadas atrás havia bares e eventos de rock na região e o Roquealize-se trouxe de volta o espírito roqueiro e tem renovado o público”, afirma Renan, que aposta sempre no entretenimento gratuito e aberto a todos os públicos para conquistar cada vez mais adeptos do gênero e mudar “a perspectiva dos moradores sobre o que é rock”.

Os roqueiros, que sempre despertam a curiosidade dos transeuntes que passam pela Praça XV de Novembro, em Marechal Hermes, durante a montagem, levaram ao bairro da zona norte do Rio uma verdadeira transformação cultural ao longo dos anos.

Kau Herdy, vocalista da banda Rotativos, na 8ª edição do Roquealize-se. Foto: Aly Bravo.
Kau Herdy, vocalista da banda Rotativos, na 8ª edição do Roquealize-se. Foto: Aly Bravo.

A praça onde, de quatro em quatro meses acontece o evento, antes abandonada pelos moradores, agora recebe, não só o Roquealize-se, mas também diversas atividades como feiras de livros e teatro. Parte do bairro ainda foi reconhecido pela Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro como Área de Proteção do Ambiente Cultural (APAC), tombando ruas ao redor, a estação de trem de Marechal Hermes e praças como patrimônio da cidade.

Ganhando cada vez mais destaque, inclusive na mídia e de apoiadores e patrocinadores que aproveitam o espaço para expor suas marcas transformando o evento em muito mais que show, em maio, o festival foi reconhecido pela Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro como Ação Local, um título que para o produtor é “uma conquista e tanto”.

“Emoldurei e coloquei na parede do quarto, mas não veio fácil. Foi muita luta e garra, além de um pensamento de ‘nunca desistir’ que tento passar para toda a equipe. O desafio é grande para toda atividade cultural e para o rock é maior ainda”, conta ele, que acredita que o rock não é visto como cultura brasileira e por isso, “foge das prioridades do governo”.

Tanto trabalho tem surtido resultados pra lá de positivos. Em três anos, o festival que começou em Guadalupe, também na zona norte do Rio de Janeiro, para cerca de 300 pessoas e com bandas locais, hoje estima um público de mais de mil e chama a atenção de bandas de todo o país e do exterior como da Colômbia, Peru, Argentina e até de Portugal, segundo Renan. Porém, a falta de incentivo ainda dificulta voos mais altos.

“Como não temos grana para bancar as viagens é difícil rolar [os shows], mas não impossível. Já tivemos bandas de Brasília e Santa Catarina”. Além disso, no Facebook, o festival já conta com mais de 6 mil fãs que sempre aguardam ansiosos pelo anúncio de cada nova edição.

Na edição de aniversário, que acontece no dia 16 de julho, a partir das 16h, outras cinco bandas farão a festa junto às dezenas de roqueiros que já se preparam para lotar Marechal Hermes. Entre as bandas já confirmadas estão a No Trauma e a Nove Zero Nove. O line up completo deve ser divulgado até esta segunda-feira (20).

Por Thaiane Silveira, Foi Show


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