zoom

Paulo Miklos revela curiosidades sobre seu primeiro álbum após sair dos Titãs


“A Gente Mora no Agora” conta com incríveis parcerias com Emicida, Erasmo Carlos, Nando Reis, Arnaldo Antunes, Guilherme Arantes, etc.

Paulo Miklos acaba de lançar seu novo álbum solo, “A Gente Mora no Agora”, o primeiro desde que saiu dos Titãs. Gravado entre março e abril de 2017, o disco conta com 13 novas canções com uma sonoridade brasileira.

O artista reuniu nomes de diversas gerações da música brasileira como parceiros para esse trabalho, como o rapper Emicida, Erasmo Carlos, Nando Reis e Arnaldo Antunes, ex-parceiros de Titãs, Guilherme Arantes, Silva, Mallu Magalhães, entre outros.

“Ao mesmo tempo que você compõe junto, do outro lado, você tem outras referências, que isso vai dar em uma terceira coisa inusitada, inesperada”, conta Miklos com exclusividade.

Com incentivo da Natura Musical e com distribuição pela Deck Disc, a produção musical de “A Gente Mora no Agora” ficou a cargo de Pupillo, da Nação Zumbi e coprodução de Apollo Nove. A direção artística é assinada por Marcus Preto, que guiou discos recentes de Tom Zé e Gal Costa.

O show de lançamento acontece, no dia 17 de agosto (quinta-feira), na Casa Natura Musical São Paulo, e segue no dia 22 de agosto para o Theatro NET, no Rio de Janeiro.

Confira abaixo a entrevista ao Midiorama, conduzida por Marcos Chapeleta, do site Ligado À Música.

Esse é seu primeiro disco fora dos Titãs. Queria que você falasse como enxerga esse momento da carreira? Sei que você tem outros discos solos, mas esse é um momento diferente.

Paulo Miklos: Esse é um momento completamente diferente. Eu estava até brincando que ficou uma coisa assim: ‘Mas espere aí, esse é o seu primeiro disco, né?’. E eu falei: ‘Não esse não é meu primeiro disco e sim o terceiro’. Mas é como se fosse, porque é uma diferença muito grande de agora, porque esse é o primeiro disco da carreira individual.

Dá um frio na barriga ainda?

Paulo Miklos: Total. É um momento muito importante, tem muita ansiedade minha em relação de como é que as pessoas vão receber esse disco. O que eu posso dizer é que esse é um trabalho que me redefine como artista, com uma identidade. Ao mesmo tempo, fui buscar parcerias e ele abre para uma série de contatos diferentes, de trabalho com os músicos na produção do disco, com arranjos, e com todos os meus parceiros. Então, ele tem aquilo que eu mais gosto de fazer, que é encontrar gente. Acho que a música tem esse sentido do encontro com as pessoas. Então, eu meio que fui buscar me redefinir, é um pouco daquilo que eu tenho de Erasmo [Carlos], de Lurdez da Luz, de Emicida. Essas coisas que me definem como artista. A capacidade de transitar e criar coisas novas.

Aproveitando o gancho, hoje em dia com as redes sociais as pessoas estão cada um em seu canto, e você está fazendo o inverso, tendo esse contato físico.

Paulo Miklos: Eu acho que sim, mas por outro lado, a gente está cada um no seu quarto, mas está se encontrando nas redes. Então, nesse sentido é muito interessante como encontrei pessoalmente com parceiros. Eu desenvolvi isso com músicas por email, fiz música por aplicativo de voz, fiz música de todas as maneiras. Muito interessante. Inclusive, com o Russo Passapusso, da Baiana System, eu não conheci pessoalmente antes da gente fazer a música. Eu já admirava o trabalho dele, fiz o convite, enviei uma musica pra ele, depois ele compôs a música, super entusiasmado de trabalhar junto, mandou a música, incrível, ficou na maior felicidade. Só fui conhecer ele três meses depois pessoalmente. Falei: ‘Pô, Russo, meu parceiro, e aí? Prazer. Que música que nós fizemos, né’. Então você vê, são dinâmicas muito diferentes em cada situação. Eu fiz letras, fiz músicas, enviei músicas, enviei letras. A gente compôs junto, inclusive. Eu acho que foi muito feliz o resultado do disco. Eu fiquei muito satisfeito com o que a gente conseguiu. Porque não é fácil você conseguir um bom resultado. Por mais que seja o seu desejo, não tem controle sobre aquilo. Pode ser que renda, pode ser que a coisa se desenvolva, você consegue chegar em um resultado satisfatório, e pode ser que não. Pode ser que a ideia não conseguiu desenvolver ou não rendeu, enfim. Foi muito feliz, porque tudo se desdobrou em coisas fabulosas, fantásticas e o disco esta aí.

O disco tem bossa nova, tem samba, tem frevo. Essas ideias vieram de você, dos músicos. O Pupillo como produtor foi responsável de alguma forma?

Paulo Miklos: Essas ideias vieram das composições. Então, por exemplo, eu sentei com o Arnaldo [Antunes] e veio uma ideia de letra. A gente começou a brincar e pensamos ‘vamos fazer um frevo’, aí a gente começou a fazer e tal. Mas tudo é meio que lúdico, brincando. Aí a gente começou a levar a sério, ‘ah, isso é bom’, e começamos a tocar. Logo depois a gente estava em pé dançando, curtindo. Com esse arranjo do Maestro Duda, que é o homem do frevo lá de Recife, com os músicos locais. A gente gravou lá isso. E tem essa sonoridade que é incendiária. Você ouve e já sai pulando, né.

Foi assim, quer dizer, é uma coisa de busca mesmo. Então, isso nasceu com as próprias canções. Eu fiz meio que deliberadamente, eu queria fazer um samba, eu queria fazer um ijexá, queria fazer um frevo, queria buscar por aí essa identidade brasileira no disco, deixar isso explicito.

Queria que você falasse um pouco do show. O que os fãs podem esperar? Vai ter as músicas novas, e vai ter Titãs? 

Paulo Miklos: Vai ter de tudo. O show é baseado nesse disco novo, eu foco nesse trabalho, mas eu como intérprete tenho minha história longa de sucesso e eu acho que cantar essas coisas é algo que quero brindar com o público, celebrar com o público que acompanhou durante todos esses anos minha trajetória. E também cantar coisas diferentes, como por exemplo, minha experiência mais recente. Eu vivi o Adoniran Barbosa no cinema, então cantar uma dele é bacana. Eu vivi o Chet Baker no teatro, pô, fazer uma como eu fazia na peça, bacana também, legal. Essas coisas entraram para compor, para construir o repertório desse show. Então, acho que tem várias coisas legais para poder fazer agora, nesse momento.

E os músicos de palco, como vai ser?

Paulo Miklos: É uma banda nova, que não é a banda do disco, é uma banda agora para os shows, para cair na estrada. Começou com o convite que eu fiz para o Renato Neto, para ele ser o diretor musical desse show. O Renato ficou 20 anos fora do país, e trabalhou 11 anos com o Prince, como diretor musical.

 Olha a bagagem do cara…

Paulo Miklos: Imagine, é um músico incrível. Aí ele voltou para o Brasil e estava aqui querendo se enturmar, tocar, fazer um trabalho, e um dos meus parceiros do disco, o Apollo Nove, que ajudou na produção, mas também participou do disco, tocou sintetizadores e tudo, conheceu ele e falou: ‘Olha, o Paulo está começando uma nova história para fazer um show com um disco todo novo, e tal, ouça o disco’. Ele adorou o álbum, falou que queria conhecer e o Apollo apresentou a gente, e então, a partir daí, eu com ele montamos um grupo, um quarteto, assim como no disco: baixo, bateria, violão e guitarra, e teclados.

Você também vai tocar?

Paulo Miklos: Eu toco umas coisas durante o show, como violão em um momento, toco uma guitarrinha, mas que é surpresa (risos). Mas é isso, tem toda essa história pela frente.

Vendo os vídeos de seus encontros com os parceiros do álbum, notei o Nando Reis bem emotivo com o resultado. Essa seria a música mais emocionante que você gravou no disco?

Paulo Miklos: Foi muito emocionante, porque o Nando escreveu a música para mim, escreveu pensando em mim, na minha história. É muito impressionante a canção. É um talento que só o Nando tem mesmo de colocar essa emoção na canção, mas de um jeito poético tão delicado e que todo mundo entende. É uma coisa assim que arrebata a gente.

Quando eu recebi a música então, eu fiquei muito emocionado também e comecei a trabalhar sobre a música. Então eu guardei a música para esse momento que levei para ele ouvir. Foi a minha vingança (risos). Você viu, né?

E funcionou (risos).

Paulo Miklos: É, ele ficou também todo emocionado. Então foi muito bacana.

Eu notei umas melodias diferentes. Sei que você tem mais de 30 anos de carreira, mas você buscou coisas novas, você estudou algo?

Paulo Miklos: Nesse trabalho eu mais revisitei minha formação. Porque minha formação é a música brasileira. É o rock, mas principalmente a música brasileira desde moleque. Então, são as coisas que eu amo e tal. Isso transpareceu no meu violão no momento em que eu sentei para começar a compor. Tudo que eu ouvi da música brasileira que são os Tropicalistas, Clube da Esquina, Novos Baianos, Roberto Carlos, Eu acho que toda essa geleia geral, como diz os Tropicalistas, estava aqui assim procurando pontos para concretizar essas influências todas, essas referências que eu tenho muito forte. Então, foi mais um deixar as coisas aparecerem assim, aflorar daquilo que é minha formação mesmo. E ao mesmo tempo que você compõe junto, do outro lado, você tem outras referências, que isso vai dar em uma terceira coisa inusitada, inesperada, que você tem que estar muito atento para perceber e incorporar as coisas para criar algo novo.

Uma soma mesmo.

Você é da geração do vinil, aquela coisa de pegar, e está lançando o novo disco…

Paulo Miklos: Em vinil (risos).

Que ótimo!

Mas queria ouvir sua opinião sobre o futuro da música com o formato digital.

Paulo Miklos: Eu acho que hoje a gente já vive uma realidade, né. Até pouco atrás era o futuro. Hoje não é o futuro, é o presente.

É o agora.

 

Paulo Miklos: É o agora. Agora é digital. Tanto que o CD, muitas vezes a gente não tem mais onde ouvir. Até pouco tempo atrás a gente ouvia no carro. Mas eu ainda sou muito apegado no objeto, então nem se for o CD eu ainda quero (risos). Mas o vinil, enfim, é bacana você ter. O que eu fiz foi um álbum. Um álbum no sentido clássico. É como eu sei, como eu entendo fazer música. É como eu quero dar para os fãs, uma obra completa. Ela tem começo, meio e fim, lado A, lado B. No caso do CD não tem lado, mas tem um grupo de canções que contam uma história que registra um momento.

São 13 canções que dão conta de um universo de coisas que eu quis dizer nesse momento. Então, não cabe um single, uma música aqui, outra ali, outra acolá. Eu acho que isso é uma coisa dispersa. É uma maneira diferente de fazer, e não é nova. Quando a gente começou, saiu o compacto simples ou compacto duplo. Então esse momento a gente viveu já e está vivendo novamente, que é importante isso. Mas o que eu fiz agora, com fôlego, foi um disco completo, um álbum. É isso que eu quero que as pessoas ouçam, o disco inteiro e viajem.

Por Marcos Chapeleta
Midiorama em parceria com Ligado à Música


Deixe seu comentário


Envie sua matéria


Anexar imagem de destaque