Junte o famigerado “Cinquenta Tons de Cinza” a muita black attitude, escale Marlon Wayans (“Inatividade Paranormal”) e seu humor irreverente como protagonista e roteirista e você terá “50 Tons de Preto”, uma paródia fiel à obra originária e construída com uma fundação sólida de todas as piadas prontas que você puder imaginar. O filme reconta a história do relacionamento de Christian Grey com Anastasia Steele, que aqui se tornam Christian Black e Hannah Steale (Kali Hawk), protagonistas de um improvável e estranho relacionamento, que começou só pelo interesse de Christian na beleza “exótica” de Hannah e as possibilidades que a candura da universitária permitiriam sexualmente.
Sempre fiel aos tons originais, a paródia faz com que os dois se conheçam através da colega da universitária, que não pôde entrevistar o empreendedor de sucesso e enviou sua amiga no lugar. Aqui, essa colega é Kateesha (Jenny Zigrino), a hipercolorida, hipersexualizada e over-the-top melhor amiga de Hannah, que consegue roubar para si algumas das melhores tomadas do filme. Mas Kateesha não é a única a roubar o protagonismo do casal principal, já que o filme nos oferece também as duas famílias complicadas de Hannah e de Christian – sendo essa última uma ótima explicação para o seu comportamento “diferenciado”.
Brincando de forma duvidosa, porém inegavelmente divertida, com a black attitude, que deixariam Rochelle (“Todo Mundo Odeia O Chris”), Cookie (“Empire”) e Rocky (“The New Normal”) orgulhosas, o filme perpetua estereótipos de uma forma que pode ser problemática e também trás muitas referências negativas à obra literária que o originou.
Ainda falando sobre as referências do filme, é inegável que o longa acerta na exploração de ícones da cultura afro-americana, citando de Jay-Z e Kayne West até Cuba Gooding Jr e a família Jackson, passando por Kerry Washington e Lupita Nyong’o. Até Taylor Swift e Kim Kardashian ganham suas menções, talvez não tão honrosas.
Sendo tranquilamente o mais novo besteirol americano perpetuador de estereótipos, “50 Tons de Preto” cumpre seu papel enquanto paródia escrachada de uma obra que dividiu opiniões e que, para o bem ou para o mal, tinha um potencial cômico enorme. Então, é válido ver esse potencial ser explorado de uma forma que faria Dakota Johnson se sentir vingada.
Contando com as vozes de Marcelo Marrom, Samantha Schmütz e Robson Nunes em sua versão dublada, “50 Tons de Preto” chega aos cinemas brasileiros no dia 3 de março.
Por Maze
