Quando venceu o conceituado Concurso Tchaikovsky, em Moscou, com apenas 23 anos de idade, Gidon Kremer foi definido por Herbert von Karajan como o maior violinista do mundo. De lá para cá, Kremer desenvolveu uma carreira excepcional, com um repertório amplo e rico, que não se limita ao tradicional, mas passeia com igual desenvoltura pelo contemporâneo, a ponto de ser reconhecido como o solista de envergadura internacional que mais explorou compositores modernos nos últimos 30 anos.

Em 1997, o lendário Festival de Música de Câmara de Lockenhaus foi testemunha de uma pequena revolução, quando Kremer, que naquela época dirigia o evento austríaco, apresentou uma nova orquestra: a Kremerata Báltica, formada por extraordinários jovens músicos. Vindos dos países bálticos – Letônia, Lituânia e Estônia – eles haviam sido selecionados pelo próprio violinista, em um rigoroso processo de audição.

No dia 18 de junho, Kremer traz a Kremerata Báltica ao Rio de Janeiro, como a quarta atração do ano da Série O Globo Dell’Arte Concertos Internacionais 2016. O programa da apresentação inclui Beethoven (Quarteto de cordas Nº 11 em Fá menor, “Serioso”, op. 95 – versão para orquestra de Gustav Mahler), Schumann (Concerto para violino, cordas e tímpanos, op. 129  – versão original para violoncelo), Alexander Raskatov (The season’s digest  – baseado em As Estações, op. 37 para orquestra de cordas, de Tchaikovsky preparada para piano e percussão) e Piazzolla (Cuatro estaciones porteñas para violino e orquestra de cordas).

Na sexta-feira, dia 17, às 13 horas, Gidon Kremer participará, no Anexo do Theatro Municipal (Sala Mário Tavares), de um bate-papo com o público, mediado pelo também violinista e maestro brasileiro Daniel Guedes. O encontro tem acesso gratuito ao público mediante a distribuição de senhas (à partir das 12h30 na entrada do anexo – Av. Almirante Barroso 14/16) e está sujeito à lotação da sala.

Já consagrada como um dos principais eventos de música clássica do país, a Série O Globo / Dell’Arte Concertos Internacionais, patrocinada pela Bradesco Seguros, chega em 2016 a sua 23ª edição, trazendo mais uma vez para o público carioca atrações internacionais selecionadas entre os principais expoentes da cena erudita internacional.

A Série Dell’Arte Concertos Internacionais 2016 faz parte do Circuito Cultural Bradesco Seguros, que patrocina a Série desde 1998. O Circuito apresenta para o público brasileiro um calendário diversificado de eventos artísticos com espetáculos nacionais e internacionais de grande sucesso, em diferentes áreas culturais, como dança, música erudita, artes plásticas, teatro, concertos de música, exposições literárias e grandes musicais.

Gidon Kremer

Entre todos os grandes violinistas do mundo, Gidon Kremer talvez seja o de carreira menos convencional. Natural de Riga, Letônia, começou os estudos aos quatro anos com o pai e o avô, ambos ótimos músicos de cordas. Aos 7, ingressou na Escola de Música de Riga. Aos 16, recebeu o 1º prêmio da República da Letônia. Dois anos depois começou seus estudos com o lendário David Oistrakh no Conservatório de Moscou e passou a conquistar uma série de prêmios importantes, aí incluídos o do Concurso Rainha Elizabeth de 1967 e o 1º prêmio nos Concursos Internacionais Paganini e Tchaikovsky.

A partir daí sua carreira internacional deslanchou e Kremer tornou-se rapidamente um dos artistas mais atraentes e originais de sua geração. Apresentou-se em todas as grandes salas de concerto com as mais célebres orquestras da Europa e dos Estados Unidos e colaborou também com os mais destacados regentes da atualidade.

O repertório de Gidon Kremer é dos mais extensos, compreendendo todas as principais obras clássicas e românticas para o violino, assim como música dos mestres dos séculos XX e XXI, como Henze, Berg e Stockhausen. Também divulgou as obras de compositores contemporâneos da Rússia e Europa Oriental, tendo executado diversas primeiras audições mundiais importantes, muitas delas a ele dedicadas. Associou-se a diversos músicos como Alfred Schnittke, Arvo Pärt, Giya Kancheli, Sofia Gubaidulina, Valentin Silvestrov, Luigi Nono, Aribert Reimann, Peteris Vasks, John Adams, Victor Kissine, Michael Nyman, Philipp Glass, Leonid Desyatnikov e Ástor Piazzolla, levando suas composições ao público de uma maneira que, sempre respeitando a tradição, se mantém contemporânea. É um fato notório que nenhum outro solista de tamanha estatura internacional tenha feito tanto pelos compositores contemporâneos nos trinta últimos anos.

Um artista excepcionalmente prolífico em gravações, Gidon Kremer registrou mais de 120 álbuns, muitos dos quais valeram-lhe prêmios internacionais, como o “Grand Prix du Disque”, “Deutscher Schallplattenpreis”, “Ernst-von-Siemens Musikpreis”, “Bundesverdienstkreuz”, “Premio dell’Accademia Musicale Chigiana”, “Prêmio Triunfo 2000” (Moscou), “Prêmio Unesco” (2001), o “Saeculum-Glashütte Original-Muskfestspielpreis” de Dresden (2007), o “Prêmio Rolf-Schock” de Estocolmo (2008), o “Prêmio pela Obra” do Festival de Música de Istambul (2010) e o “Una Vita Nella Musica – Artur Rubinstein” de Veneza (2011), este último considerado por muitos como o “Prêmio Nobel” da música.

Em fevereiro de 2002, ele e a Kremerata Baltica foram premiados com o Grammy pela gravação de After Mozart, do selo Nonesuch, na categoria “Melhor Apresentação de Pequeno Conjunto”. O mesmo disco recebeu um prêmio ECHO na Alemanha no mesmo ano.

Pelo selo EMI Classics, lançou recentemente The Berlin Recital com Martha Argerish, contendo obras de Schumann e Bartók. Registrou ao vivo para o selo Nonesuch, com a Kremerata Baltica, no Festival de Salzburgo de 2006, a série completa dos concertos para violino de Wolfgang Amadeus Mozart. Seu último CD, De Profundis, foi lançado em setembro de 2010 também pela Nonesuch. Gidon Kremer colabora ativamente também com o selo ECM, que lançou sua última gravação de todas as Sonatas e Partitas de J.S. Bach. Os lançamentos mais recentes são um álbum com trios para piano com Khatia Buniatishvili e Giedre Dirvanauskaite, e um conjunto de CD gravados ao vivo no Festival de Lockenhaus, em comemoração aos trinta anos do evento, registrado em 2011.

Em 1997, ele fundou a orquestra de câmara Kremerata Baltica, para encorajar excelentes jovens músicos dos três Estados bálticos (Estônia, Letônia e Lituânia). Desde então, Kremer e sua orquestra empreendem longas turnês, apresentando-se nos mais importantes festivais e salas de concerto do mundo. Com a Kremerata, gravou 25 CD para os selos Teldec, DGG e ECM. Entre 2002 e 2006, Gidon Kremer foi o artista líder do novo “Festival Les Muséiques”, na Basileia (Suíça).

Gidon Kremer apresenta-se com um Nicola Amati de 1641. É ainda autor de quatro livros, publicados em alemão e traduzidos para vários idiomas, que refletem suas buscas artísticas.

Kremerata Báltica

A Kremerata Baltica, um projeto educacional de longo alcance, foi o presente de aniversário que Kremer se atribuiu ao completar 50 anos; foi a maneira de transmitir seu conhecimento a jovens colegas dos países bálticos, sem comprometer os padrões artísticos, enquanto estimulava e inspirava a vida musical da região. O talentoso grupo de músicos transformou-se em poucos anos em uma das melhores orquestras de câmara do mundo, pavimentando sua reputação internacional em grandes concertos por todos os continentes.

 Uma característica essencial da personalidade artística da Kremerata Baltica é seu enfoque criativo dos programas, que quase sempre fogem dos padrões habituais, dando lugar a numerosas estreias mundiais de obras de compositores como Arvo Pärt, Giya Kancheli, Pēteris Vasks, Leonid Desyatnikov e Alexander Raskatov. O amplo escopo de seu repertório, cuidadosamente selecionado, também se evidencia em suas numerosas e louvadas gravações de CD, como as Eight Seasons, colocando lado a lado a série de concertos de Vivaldi e a sequência do argentino Ástor Piazzolla, e Silencio, com peças dos compositores contemporâneos Arvo Pärt, Philip Glass e Vladimir Martynov. A última gravação – uma caixa com 2 CD, com composições de Mieczyslaw Weinberg – foi lançada em fevereiro de 2014 pela ECM e indicada para o Prêmio Grammy de 2014.

A Kremerata Baltica tem sido uma convidada bem-vinda em várias cidades e instituições como a Schloss Neuhardenberg (Berlim) e Schloss Elmau (Bavária), Fundação Esterházy em Eisenstadt, Festival de Música de Câmara de Lockenhaus e muitos outros.

A orquestra participou do Concerto pelos Direitos Humanos na Rússia, “To Russia with Love”, em 7 de outubro de 2013, em Berlim, ao lado de solistas mundialmente famosos como Martha Argerich, Daniel Barenboim, Elsbeth Moser, Nicolas Altstaedt, Khatia Buniatishvili, Emanuel Pahud e Sergey Nakaryakov — convidados por iniciativa do maestro Kremer.

A Kremerata Baltica mantém seu próprio Festival em Sigulda, Letônia, desde 2003.

Programa

Ludwig van Beethoven
Quarteto de cordas Nº 11 em Fá menor, “Serioso”, op. 95 (versão para orquestra de Gustav Mahler)
Allegro con brio
Allegretto ma non troppo
Allegro assai vivace ma serioso
Larghetto espressivo – Allegretto agitato

Robert Schumann (arranjo: R. Koering)
Concerto para violino, cordas e tímpanos, op. 129 (versão original para violoncelo)
Allegro (Nicht zu schnell)
Adagio (Langsam)
Vivace (Sehr lebhaft)

Alexander Raskatov
The season’s digest (baseado em As Estações, op. 37 para orquestra de cordas, de Piotr Ilyich Tchaikovsky preparada para piano e percussão)
Janeiro – diante da lareira
Fevereiro – carnaval
Março – canção da cotovia
Abril – floco de neve
Maio – noites brancas
Junho – barcarola
Julho – canção do ceifeiro
Agosto – a colheita
Setembro – a caçada
Outubro – canção de outono
Novembro – corrida de troika
Dezembro – natal

Piazzolla (arranjo: Leonid Desyatnikov)
Cuatro estaciones porteñas (Quatro Estações em Buenos Aires) para violino e orquestra de cordas
Verano porteño
Otoño porteño
Invierno porteño
Primavera porteña

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